João Guimarães Rosa, conhecido também como Guimarães Rosa foi um contista, novelista, romancista e diplomata mineiro que escreveu um dos livros mais importantes da nossa literatura: Grande Sertão Veredas, o único romance escrito por ele.
Grande Sertão Veredas possui uma narrativa incrível, onde a experiência de vida e a experiência de texto se fundem. Seu texto possui uma linguagem especial, marcada por neologismos e um estilo regional único. Estas características muitas vezes fazem com que a leitura e a interpretação se tornem um desafio ímpar para os leitores, sua leitura e interpretação constituem um constante desafio para os leitores.
Enquanto ainda não tenho o prazer de postar a resenha deste livro incrível para vocês, selecionei alguns trechos e citações que exemplificam as encantadoras reflexões filosóficas de Guimarães Rosa e reforçam a genialidade de sua obra. Confiram!
"O real não está no início nem no fim, ele se mostra pra gente é no meio da travessia..."
“O senhor ache e não ache. Tudo é e não é ...”
“Passarinho que debruça – o voo já está pronto.”
“Sou só um sertanejo, nessas altas ideias navego mal. Sou muito pobre coitado. Inveja minha pura é de uns conforme o senhor, com toda leitura e suma doutoração.”
“Eu quase que nada não sei. Mas desconfio de muita coisa.”
“Deus é paciência. O contrário é o diabo.”
“O mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas – mas que elas vão sempre mudando.”
“A gente quer passar um rio a nado, e passa; mas vai dar na outra banda é num ponto muito mais embaixo, bem diverso do em que primeiro se pensou. Viver nem não é muito perigoso?”
“Quem-sabe, a gente criatura ainda tão ruim, tão, que Deus só pode às vezes manobrar com os homens é mandando por intermédio do diá?”
“O que não é Deus, é estado do demônio. Deus existe mesmo quando não há. Mas o demônio não precisa de existir para haver – a gente sabendo que ele não existe, aí é que ele toma conta de tudo.”
“Cavalo que ama o dono, até respira do mesmo jeito.”
“Quem desconfia fica sábio.”
“Passarinho cai de voar, mas bate suas asinhas no chão.”
“Ser ruim, sempre, às vezes é custoso, carece de perversos exercícios de experiência.”
“O espírito da gente é cavalo que escolhe estrada.”
“Medo, não, mas perdi a vontade de ter coragem.”
“O jagunço Riobaldo. Fui eu? Fui e não fui. Não fui! – porque não sou, não quero ser.”
“Eu careço de que o bom seja bom e o rúim ruím, que dum lado esteja o preto e do outro o branco, que o feio fique bem apartado do bonito e a alegria longe da tristeza! (...) Este mundo é muito misturado ...”
“Mas, na ocasião, me lembrei dum conselho de Zé Bebelo, na Nhanva, um dia me tinha dado. Que era: que a gente carece de fingir às vezes que raiva tem, mas raiva mesma nunca se deve de tolerar de ter. Porque, quando se curte raiva de alguém, é a mesma coisa que se autorizar que essa própria pessoa passe durante o tempo governando a ideia e o sentir da gente.”
“A morte é para os que morrem.”
“A vida da gente vai em erros, como um relato sem pés nem cabeça, por falta de sisudez e alegria. Vida devia de ser como sala do teatro, cada um inteiro fazendo com forte gosto seu papel, desempenho.”
“Preto é preto? branco é branco? Ou: quando é que a velhice começa, surgindo de dentro da mocidade.”
“No centro do sertão, o que é doideira às vezes pode ser a razão mais certa e de mais juízo!”
“Sertão é isto: o senhor empurra para trás, mas de repente ele volta a rodear o senhor dos lados. Sertão é quando menos se espera.”
“O bom da vida é para cavalo, que vê capim e come.”
“E sei que em cada virada de campo, e debaixo de sombra de cada árvore, está dia e noite um diabo, que não dá movimento, tomando conta.”
“Tudo que é bonito é absurdo – Deus estável.”
“Liberdade – aposto – ainda é só alegria de um pobre caminhozinho, no dentro do ferro de grandes prisões.”
“Sertão é o sozinho.”
“Sertão: é dentro da gente.”
“Mestre não é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende.”
“Só se pode viver perto de outro, e conhecer outra pessoa, sem perigo de ódio, se a gente tem amor. Qualquer amor já é um pouquinho de saúde, um descanso na loucura.”
“Tudo que já foi, é o começo do que vai vir, toda a hora a gente está num cômpito.”
“Um sentir é do sentente, mas o outro é o do sentidor.”
“Para o prazer e para ser feliz, é que é preciso a gente saber tudo, formar alma, na consciência; para penar, não se carece.”
“Obedecer é mais fácil do que entender.”
'Apertou em mim aquela tristeza, da pior de todas, que é a sem razão de motivo"...
" Se eu fosse filho de mais ação e menos ideia, isso sim, tinha escapulido, calado "
“Onde é que está a verdadeira lâmpada de Deus, a lisa e real verdade?”
“Tive medo não. Só que abaixaram meus excessos de coragem.”
“O sertão é sem lugar.”
“Rir, antes da hora, engasga.”
“Vivendo, se aprende; mas o que se aprende, mais, é só fazer outras maiores perguntas.”
“Somente com a alegria é que a gente realiza bem – mesmo até as tristes ações.”
“O senhor sabe o que é silêncio é? É a gente mesmo, demais.”
"O senhor saiba: eu toda a minha vida pensei por mim, forro, sou nascido diferente. Eu sou é eu mesmo. Diverjo de todo o mundo... Eu quase que nada não sei. Mas desconfio de muita coisa. O senhor concedendo, eu digo: para pensar longe, sou cão mestre - o senhor solte em minha frente uma idéia ligeira, e eu rastreio essa por fundo de todos os matos. Amén!"
"Como não ter Deus?! Com Deus existindo, tudo dá esperança: sempre um milagre é possível, o mundo se resolve. Mas, se não tem Deus, há-de a gente perdidos no vai-vem, e a vida é burra. É oaberto perigo das grandes e pequenas horas, não se podendo facilitar - é todos contra os acasos. Tendo Deus, é menos grave se descuidar um pouquinho, pois no fim dá certo. (...) Deus existe mesmo quando não há. (...) Mas a gente quer Céu é porque quer um fim: mas um fim com depois dele a gente tudo vendo."
"A gente vive repetido, o repetido, e, escorregável, num mim minuto, já está empurrado noutro galho. Acertasse eu com o que depois sabendo fiquei, para de lá de tantos assombros... Um está sempre no escuro, só no último derradeiro é que clareiam a sala. Digo: o real não está na saída nem na chegada: ele se dispõe para a gente é no meio da travessia."
"[U]m rio é sempre sem antiguidade."
"[U]m amigo... é que a gente seja, mas sem precisar de saber o por quê é que é."
"[E]u careço de que o bom seja bom e o rúim ruím, que dum lado esteja o preto e do outro o branco, que o feio fique bem apartado do bonito e a alegria longe da tristeza! Quero os todos pastos demarcados... Como é que posso com este mundo? A vida é ingrata no macio de si; mas transtraz a esperança mesmo do meio do fel do desespero. Ao que, este mundo é muito misturado..."
"Tudo o que já foi, é o começo do que vai vir, toda a hora a gente está num cômpito. Eu penso é assim, na paridade... Um sentir é o do sentente, mas outro é o do sentidor. O que eu quero, é na palma da minha mão."
"Consegui o pensar direito: penso como um rio tanto anda: que as árvores das beiradas mal nem vejo... Quem me entende? O que eu queira. Os fatos passados obedecem à gente; os em vir, também. Só o poder do presente é que é furiável? Não. Esse obedece igual - e é o que é."
"O senhor não pode estabelecer em sua ideia a minha tristeza quinhoã. Até os pássaros, consoante os lugares, vão sendo muito diferentes. Ou são os tempos, travessia da gente?"
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